sábado, 16 de outubro de 2010

Retrato

Curioso que sempre dediquei um pouco do meu tempo pra poesia, poema, livros em prosa, enfim, tudo que envolva literatura, uma boa literatura. Sentir vontade de postar um poema de uma poetisa, que considero uma das minhas favoritas, poema esse que me traz  boas lembranças, essas de um tempo em que vivi coisas intensas, coisas essas impossíveis de esquecer... a época do CDD, que a galera que broca... rsrs... era como nos referíamos a turma, logo  montamos uma apresentação com esse poema, além do que pecerbo o quanto ele fala  pra mim.

Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"
Cecília Meireles

Sem Remédio

Resolvi falar um pouco de sentimentos que infelizmente perduram em nossas vidas,  que são os negativos, e uso como referência um lindo, porém triste, poema de Florbela Espanca, onde a mesma expõe a dor,  a mágoa, o tédio... Bem, é comum nos sentirmos entendiados pela mesmice dos dias, mas espero que esses sentimentos, que sempre nos ensinam algo, não insista em fazer parte das nossas vidas  por muito tempo.

Espero que, quem não a "conhece", se interessem em ler outros poemas da mesma, pois é maravilhoso a maneira como escreve, e digo, como acho bonito as pessoas que transformam seus momentos, na maioria das vezes os negativos, em uma coisa positiva, usando-o para escrever, transformando-o em poemas lindíssimos, que muitas vezes coincinde com situações de outras pessoas. Cito aqui uma pessoa muito especial pra mim, que sabe fazer isso muito bem, Ricardo... e a você eu digo que espero que continue criando lindos poemas.


Sem Remédio

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou ...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

No elevador do filho de Deus

"Conheci" Elisa Lucinda, por minha querida educadora Laís, uma mulher admirável, mas foi através de minha amiga Laiane, que possui um excelente gosto pra poesia, que me apresentou No levador do filho de Deus, de autoria de Elisa Lucinda... Na verdade me reconheci lendo aqueles versos, e acredito que ela soube expressar muito bem o que sentimos diante de uma dor, sempre morrendo e renascendo todos os dias... Como disse minha "filha" -que bom que ainda conseguimos nascer a cada dia. rsrs.

No elevador do filho de Deus


A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!